
Na madrugada de 1º de abril de 1981, uma tragédia anunciada estava prestes a transformar a paisagem e a vida dos moradores de Campo Redondo e Santa Cruz, no Rio Grande do Norte. O Açude Mãe D’Água, que já dava sinais de fragilidade devido às fortes chuvas dos últimos dias, não suportou a pressão e rompeu, liberando milhões de metros cúbicos de água. O desastre poderia ter tirado milhares de vidas, mas a coragem e determinação de uma telefonista impediram que o pior acontecesse.
As chuvas torrenciais que atingiam a região há dias já preocupavam os moradores, mas ninguém esperava que o açude, considerado um reservatório de grande porte, fosse colapsar. Quando a barragem se rompeu, um verdadeiro tsunami de água e lama desceu pelo vale, arrastando tudo o que encontrava pelo caminho. Casas foram destruídas, plantações dizimadas e animais levados pela força das águas. O impacto foi devastador: cerca de 1 mil pessoas ficaram desabrigadas e grande parte do estado ficou sem energia elétrica por dias devido aos danos causados pela enxurrada.
A telefonista salvou milhares de vidas
Maria de Fátima Silva, telefonista da central de Campo Redondo, estava de plantão quando recebeu a notícia do rompimento do açude. Compreendendo a gravidade da situação, ela sabia que cada segundo era crucial para salvar vidas. Sem hesitar, tentou entrar em contato com as autoridades em Santa Cruz para alertá-las sobre o perigo iminente.
Entretanto, seu aviso foi inicialmente ignorado. O fato de ser 1º de abril, conhecido como o “Dia da Mentira”, fez com que muitos desconsiderassem sua ligação, acreditando que era uma brincadeira. Mas Maria de Fátima não desistiu. Determinada a evitar uma tragédia ainda maior, insistiu em seus chamados e conseguiu falar com o monsenhor Raimundo, sacerdote respeitado no município.
O religioso não hesitou em agir. Utilizando um carro de som, percorreu as ruas de Santa Cruz alertando a população para que evacuasse imediatamente.
Do BZ Notícias